Por Daniela Panisi
“É tarde, é tarde, é tarde até que arde. Aiai, meu Deus. Alô, Adeus. É tarde, é tarde, é tarde.”
Alguns reconhecem imediatamente o coelho branco do desenho “Alice no País das Maravilhas”, uns vão se esforçar para lembrar e outros, simplesmente, nunca viram nem ouviram a versão do desenho de 1951. Não importa a idade ou conhecimento de animações cinematográficas, de algum modo todos nos identificamos com o coelho branco de cartola. Sempre na correria, tentando lidar com o stress do cotidiano.
Faz parte de estar ativo no mundo ter que lidar com o stress. Ele é uma reação do organismo frente aos estímulos do dia a dia. Até há pouco tempo, acreditava-se que o excesso de stress poderia levar à morte. Por desencadear a liberação de hormônios que contribuem, em longo prazo, para doenças como obesidade, anorexia, doenças cardíacas, distúrbios do sono, acidentes vasculares cerebrais etc., o stress era condenado pela área de saúde. O discurso pregado era de que se deveria diminuir o stress a todo custo.
Atualmente, pesquisas mostram que o que mata não é o stress, mas acreditarmos que o stress faz mal. Ao nos depararmos com situações desafiadoras, nosso corpo se prepara. O stress gerado frente ao desafio faz nosso coração bater mais forte. Reparem que utilizei a palavra “desafiadora”, exatamente por ter um significado diferente de “problemática” ou “adversa”. E isso faz a diferença nas alterações causadas pelo stress no corpo.
Quando pensamos no stress como algo ruim, nossas artérias ficam mais grossas, dificultando a passagem do sangue. Isso, com o acúmulo de anos, pode causar danos irreversíveis ao organismo, claro. O contrário acontece quando interpretamos os sinais de nosso corpo como se estivesse se preparando para dar conta do desafio que se aproxima. Os vasos sanguíneos se expandem – e é o mesmo que acontece quando ficamos felizes ou nos sentimentos corajosos.
Para darmos mais um ponto positivo ao stress, ele é responsável pela liberação de ocitocina no organismo, o hormônio do abraço. Sabe aquela vontade de sair do trabalho e ficar com seus amigos? Conversar com sua família? Encontrar um namorado ou coisa assim? Pois é, o responsável por esses “desejos” é a ocitocina, hormônio que nos torna mais sociáveis.
Lidar bem com o stress, então, é condição indispensável para vivermos longos anos. Não apenas longos, mas eficientes em qualidade.
Nossa vida não é feita do resultado final, mas do caminho que percorremos. Esta jornada pode, inclusive, mudar nosso DNA. Hoje também sabemos que o modo como vivemos, o que comemos, como lidamos com nossos problemas e organizamos nossa rotina podem alterar nosso DNA, aumentando ou diminuindo a propensão de desenvolver doenças como câncer, por exemplo.
E, então, quais significados você tem dado para as situações adversas que vive? Quem sabe se contar com o lado bom do stress a sua qualidade de vida seja melhor.