Maureen Sherry foi a diretora-gerente mais jovem do banco de investimentos Bear Stearns Companies. Ao longo de doze anos dedicados a Wall Street, a ex-banqueira testemunhou em primeira mão como as mulheres se comportam e são tratadas dentro do ambiente majoritariamente masculino das firmas de investimentos. Elas sofrem desde imposições comportamentais, como nunca poderem chorar no trabalho, até humilhações diretas: Sherry lembra de seus colegas mugindo enquanto ela ia para a enfermaria com uma bomba tira-leite, depois de retornar de sua licença-maternidade. Após deixar a Bear Stears e recusar-se a assinar um termo de confidencialidade sobre seu tempo trabalhando na empresa, Sherry escreveu um livro expondo a cultura com que lidou durante mais de uma década.
Opening Belle (atualmente sem tradução para o português) conta a história fictícia de Isabelle, uma diretora-gerente de Wall Street de trinta e poucos anos. A obra a segue conforme participa de um grupo de mulheres que buscam o fim do tratamento sexista no banco onde trabalham e tenta equilibrar seu casamento e o reencontro com um antigo noivo, tudo isso enquanto o mercado marcha para o colapso da crise financeira de 2008.
Com tom de humor, a história fictícia de Isabelle reconta casos reais pelos quais a autora e suas colegas de profissão passaram enquanto trabalhavam em Wall Street. A obra também expõe as relações e atritos entre as mulheres de dentro e de fora do mundo do mercado de ações. O tema da cultura de excessos encontrada nos bancos de investimento pelo mundo também foi abordado recentemente em Straight to Hell: True Tales of Deviance, Debauchery, and Billion-Dollar Deals, do ex-banqueiro John Lefevre, mas a obra de Sherry inova ao trazer para o leitor a visão das mulheres que trabalham neste ambiente curioso.
Publicado pela editora Simon Schuster, a obra já teve seus direitos comprados pela Warner Bros. para se tornar um longa-metragem.
Texto produzido com base em matérias da Bloomberg e The New York Times.