Por Daniela Panisi
Você já pensou que, se você trabalha na gestão de pessoas, você pode colaborar, não apenas para o manejamento do seu stress, mas também do stress de quem trabalha com você?
De acordo com o Dr. Daniel Goleman, escritor de livros como “Inteligência Emocional” e “Foco”, o stress em equipes é um dos maiores problemas de gestão em organizações. O stress, como todo sentimento, é contagioso. Hoje, várias pesquisas no campo da psicologia demonstram que, mesmo se você estiver a quilômetros de distância de uma pessoa, você pode ser afetado pelo que ela sente. Não significa que sejamos completamente passivos e levados pelos sentimentos daqueles que nos rodeiam, mas existe uma influência a um determinado estado de humor. Existe, claro, um nível ótimo de ativação para que o trabalho seja feito de forma eficiente, não um excesso de relaxamento, pois se entra em colapso, mas também não um ambiente rígido e exigente ao extremo, que provocam agressões e explosões.
Dadas essas premissas científicas, imagine um ambiente de trabalho com um líder que sempre olha para o lado negativo das coisas, incita conflitos e distribui gratuitamente sua ansiedade para todos os membros da equipe, insuportável? Imagine pequenas partes disso todos os dias. Pois muitas vezes, sem percebermos, em nosso modo de ser cotidiano temos essas pequenas partes. Vamos enchendo o copo do stress, nosso e de nossa equipe. Transformamos os ambientes e as pessoas com quem convivemos aos poucos. Imagine ir todos os dias para um lugar insalubre. Difícil querer estar presente ali, não? E estar presente é a primeira premissa para o engajamento.
Quando o stress gera atitudes negativas e passa do limite do saudável, nosso foco de atenção é desviado para a causa do stress, e perdemos de vista nossos objetivos. Assim, o desenvolvimento da inteligência emocional é fundamental para, dentre outras competências, controlar o stress de uma equipe, o foco de atenção e o engajamento de todos. Isso afeta diretamente a efetividade do trabalho de uma organização.
Em qualquer nível, ainda mais em cargos de liderança, a autorregulação é uma habilidade central. Talvez esse seja o momento ideal para se perguntar qual seria um nível ótimo de stress?
Antes, entretanto, precisamos desenvolver uma consciência da vivência desse stress. Como experiencio (sim, é um neologismo. Embasado na diferença existente entre vivenciar e experienciar, assunto para outro artigo) o stress do dia a dia? Como meu corpo se coloca nestas situações (estufo o peito, contraio o maxilar, contraio o trapézio, aperto o estômago, subo o diafragma, etc.)? Como consigo “liberar” o stress? Como estabeleço minhas relações cotidianas? Como me coloco em relação ao outro, ao stress do outro? Como me adapto às diferentes pessoas e reações com que convivo? Como aprender uma nova comunicação, na maioria das vezes não-verbal?
Todas essas perguntas apenas começam a suscitar a reflexão a respeito do tema. Porém, deixo aqui as duas mais essenciais de todas elas: Como anda você? E sua equipe?