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Crônica para o marido folgado (E para o namorado, amigo ou ficante idem)

By Alexandre Siviero Leave a Comment abr 11 0

*por Patrícia Zaidan

Adoro os homens. Alguns já disseram que sei falar a língua deles. Entendo o mundo másculo e me viro muito bem nessa seara alheia. Meus colegas do sexo oposto (os fotógrafos, em especial) gostam de trabalhar comigo porque – segundo eles – topo qualquer parada: varo noite, durmo em canto sem conforto, ponho o pé na lama, não tenho frescura. Em resumo, estão sempre querendo dividir uma tarefa ou aventura profissional comigo. A reportagem me treinou para o front.

Aliás, o trabalho – mais duro que justo – treina a mulher para adversidades inimagináveis. Não foi fácil trocar a casa quentinha pelo ambiente obtuso, quase claustrofóbico, criado pela Revolução Industrial. A mulher teve que aprender a engolir a dor, fingir que não menstruava, que não estava deixando um filho para trás, com febre. E fazia a fina, simulando desconhecer problemas no amor. Foi esse o tributo pago para ser aceita na esfera pública das corporações. Assim, a empresa passou a se sentir dona da nossa alma. Permanecer na firma 10, 12 horas e levar trabalho para o fim de semana não é um retrato do começo dos 1960, fase da internacionalização da economia brasileira. Não, mesmo. Continua tudo igual. Às vezes, até pior.

Em casa, espera um marido, ficante ou amigo muito querido. Mas folgado pra caramba. Como poetizou Adélia Prado, eu também curto fritar um peixe (ou uma linguicinha) de madrugada com meu braço roçando o do pescador ou do homem que comprou o bicho com nadadeiras no supermercado e veio me surpreender. Ele, ali, colocando o tempero, servindo o vinho. As que não são de peixe podem adaptar a frase para: “Eu adoro fazer uma caipirinha com o meu amor”; “Dividir o queijo na frente da TV vendo o Corinthians dele jogar”; “Podar a roseira do quintal, juntinho”. A gente gosta de amar. E de viver o romance. Daí a enfrentar sozinha o tanque, a pia, o fogão, o cuidado com as crianças, as compras, a troca da lâmpada e o banho do cachorro é outra coisa bem diferente.

A essa altura do campeonato, 40% dos lares têm um nome feminino como carro-chefe, sem marido, com o parceiro de copiloto ou desempregado. É tolice, das grossas, carregar os afazeres domésticos como burro de carga. Verdade. A mulher é ainda o potro “que trabalha, trabalha de graça… é manso e não faz pirraça”. Querem ver?

O Ministério do Trabalho e Previdência Social divulgou nesta quarta (6/4) a pesquisa “Mulher e Trabalho”, analisando o período de 2004 a 2014. A conclusão: a participação dos homens na casa não evoluiu quase nada. As brasileiras gastam 25,3 horas semanais e eles apenas 10,9 horinhas. É bem menos que a metade! E, se o marido leva o carro ao mecânico, quer computar isso entre os afazeres domésticos. Quando está sem emprego e deveria, finalmente, aprender a cuidar, o vexame é ainda maior. Nessa situação, os homens passam a “doar” para a família 13,7 horas a cada sete dias. Enquanto a esposa dele empenha 21,7 horas na lida pesada e depois vai dizer na fábrica ou no escritório que deixou tudo em paz na retaguarda. Segundo esse estudo, realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, em 2004 o percentual de homens desempenhando funções no lar era de 46%; em 2014 teve ligeiro aumento, para 51%. As mulheres: 90% delas estavam na batalha da casa, e o índice continua praticamente inalterado.

Outra revelação: tanto faz ser negra ou branca; o malfadado peso das tarefas independe de raça. Com uma agravante na residência das pretas e pardas: a maioria delas não possui máquinas de lavar louça e roupa. Há quem defenda que as horas gastas por todas sejam remuneradas e contem tempo para a aposentadoria. Mais uma defesa: as empresas, feitas à imagem e semelhança do homem, com funcionamento idem, precisam entender que não são proprietárias dos seres humanos. E que os empregados têm filhos e vida pessoal. Os funcionários machos devem ser incentivados a sair do trabalho para levar a cria ao médico, ir à reunião da escola etc. Isso é responsabilidade social, mas o mundo corporativo a ignora.

Meus amores, meus queridos homens: passou da hora de acabar a brincadeira. Esse negócio de ser o caçador mofou. O provedor faliu. O macho alfa ficou preso à biologia – diferentemente do que ela explicava, o macho alfa não tem a exclusividade da força, habilidade, orientação espacial, facilidade para tomar decisões, personalidade marcante, bravura. Nesse barco, meus caros, estamos todos, homens e mulheres. Melhor vocês virem junto, torcerem também para o nosso time no estádio de futebol. E pararem de achar que, porque a mulher ama o romance e frita o peixe, o homem dela não precisa abraçar o vassourão, o fogão, o podão de grama, o negoção grandão que é a lida da casa. Tá bom assim pra vocês?

 

Matéria originalmente publicada no Portal Claudia

Quem vai proteger as juízas marcadas para morrer?

By Alexandre Siviero Leave a Comment abr 4 0

*por Patrícia Zaidan

Trabalhar nos fóruns brasileiros é uma atividade de altíssimo risco, com o magistrado se tornado uma presa fácil dos marginais. O crime organizado, que abate aeronaves no ar e explode prédios onde a Justiça funciona, não tem a menor dificuldade de encontrar um juiz sentadinho em sua mesa. Falta o básico na maioria dos fóruns, muitos não têm sequer detectores de metal na porta. Quando o juiz é uma mulher, a situação piora. Conheci uma no interior do Paraná que levava para as audiências seus dois rottwellers, porque não se sentia segura. As mulheres do mundo jurídico se viram como podem.

A juíza Tatiane Moreira Lima, da Vara da Violência Doméstica, foi feita refém por um homem, na quarta (30/04), no paulistano Fórum do Butantã. Alfredo dos Santos, que imobilizou a autoridade no chão e a chamou de pilantra, é acusado de agredir a ex-mulher e teria que acertar contas com a doutora Tatiane. Ele entrou no local sem ser incomodado. Levava uma mochila cheia de explosivos. Havia estudado como chegar à sala dela e, depois, incendiar o local.

Uma juíza trabalhando sem amparo é trivial. Acontece todo dia. A magistrada Glauciane Chaves de Melo acabou numa poça de sangue em seu gabinete em Alto Taquari (MT), no ano de 2013. Era aniversário da Lei Maria da Penha e os tiros disparados contra Glauciane partiram do ex-marido dela. Evanderly de Oliveira Lima escolheu liquidá-la naquele local para desmoralizar a mulher e peitar a Justiça. No ano passado, alegando ter agido por amor, o bruto saiu do julgamento condenado a 18 anos de prisão.

Em 2011, logo depois do assassinato da juíza Patrícia Acioli, investiguei a situação das ameaçadas de morte Patrícia saía tarde da noite do fórum de São Gonçalo, quando foi metralhada por PMs criminosos do Estado do Rio de Janeiro, a quem combatia. Eu me espantei: o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e a Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) não sabiam quantas juízas eram mantidas sob proteção do Estado. Muito menos o contingente feminino correndo risco de vida, no exercício da função. As anotações se restringiam ao total de 134 juízes, sem distinção de sexo. Com a ajuda da corregedora nacional de Justiça da época, a ministra Eliana Calmon, fomos levantando dados nos Tribunais de cada Estado. A conclusão: 43 mulheres estavam na mira de contraventores e quadrilheiros. Hoje, o grupo dos ameaçados é de 202 magistrados. E, novamente, não se sabe quantos deles são do sexo feminino. Por que faz diferença conhecer esses dados? Há vários motivos. A juíza aposentada Denise Frossard, que acabou com o poderio do Jogo do Bicho no Rio, me disse: “Um juiz ameaçado manda a mulher e as crianças se refugiarem na casa da sogra, longe da comarca. Já a magistrada não se separa dos filhos, e eles correm os riscos com ela”.

Por ainda se sentir com a capacidade em teste, uma mulher se queixa pouco ao seu Tribunal. Quando me deu entrevista, a juíza Dayna Tajra contou que no Maranhão, onde atuava, ela contava só com a sorte. Sua casa em Estreito havia sido pichada com a palavra “mata”, e o fórum amanhecera incendiado. Ela tinha na bolsa um delicado revólver de cabo de madrepérola, que mais parecia brinquedo e cabia na palma da mão. Dayna secou com seu secador de cabelo os processos que sobraram na água usada para apagar o fogo. Eram relacionados a grupos fortes que traficavam drogas e armas.

Cláudia Panetta enfrentou em Itabuna (BA) os comandantes do presídio sob sua jurisdição, com mais de 950 homens. Eles manipulavam inclusive funcionários do fórum, que deveriam auxiliar Cláudia no combate ao crime. Ela derrubou o esquema, mandou muita gente para as grades, enquadrou alguns líderes do presídio. Mandaram avisar que a cabeça dela estava disputada. “Não tenho medo, tenho cautela. E jamais me deixarei dominar”, declarou.

Encontrei a juíza Adriana Benini de colete à prova de balas no recém-inaugurado fórum da paranaense Rio Branco do Sul. O colete, a blindagem de seu carro e o monitoramento com câmeras em sua casa haviam sido bancados com as economias dela e do marido. O contrabando era grande e a matança, até entre políticos, só cresciam na cidade. Ela me mostrou a janela de seu gabinete, que dava para a rua: “Não é preciso luneta para acertar a minha cabeça”, comentou. No cômodo ao lado, Adriana tinha que guardar pistolas e municão, que eram provas dos crimes. Qualquer um podia ir ao fórum, soprar a porta frágil e roubar o arsenal. “Abri mão de muita coisa na vida por causa da magistratura e não tenho a contrapartida mínima, que é tranquilidade para trabalhar.”

Alessandra Bilac, juíza criminal no Rio de Janeiro, tinha os músculos do rosto crispados e se via incomodada com uma forte dor de cabeça no dia em que a visitei no fórum. Estava sendo informada, por desembargadores, que sua escolta de seis homens passaria para oito, porque acabava de fugir da cadeia um ex-cabo condenado por ela. Havia escapado do presídio da PM com auxílio (provavelmente de colegas da corporação) e com a missão de reunir matadores para eliminar as autoridades que, como Alessandra, tentavam dizimar a famosa quadrilha “Liga da Justiça”, formada por ex-policiais e políticos do Estado. Alessandra afirmou: “Você condena um, aparecem vários. Mas se tiver medo da milícia e deixar de enfrentá-la, é melhor mudar de profissão”. Seus superiores determinaram que ela não saísse de casa.

Eliana Calmon, corregedora do CNJ até 2012, recebeu a queixa de uma juíza de Jaboatão dos Guararapes (PE), que estava à beira de um colapso nervoso. Ela julgava mais de 400 processos por ano, todos do crime organizado, e o Tribunal de Justiça pernambucano disse que não tinha um carro blindado para oferecer a ela. Então, Eliana resolveu o problema. Pegou um que havia sido apreendido com um traficante do Sul e mandou para a juíza ameaçada de morte. Ainda pediu uma força-tarefa para ajudá-la com os processos.

O país precisa descobrir quantas juízas estão com problemas também por mais um motivo que não me agrada elencar, mas é real. O presidente da AMB, João Ricardo Costa, me garantiu: se fosse um juiz no lugar de Tatiane Moreira Lima, o agressor do Butantã não teria agido da mesma forma. “Aquilo foi uma violência de gênero. Um homem não admite ser submetido a uma mulher que lhe impõe uma decisão judicial ou uma medida que ele não gosta de cumprir. E por isso, tratou a juíza com todo desprezo.”

Sob essa lógica, alguém diria que as mulheres não servem para arbitrar. As juízas que entrevistei para a reportagem de 2011 mostram o contrário e não deixam dúvidas sobre coragem e caráter. Não é diferente com Tatiane. Depois do episódio do Butantã, ela postou uma mensagem para contar que os danos físicos e emocionais sofridos foram mínimos, um maluco não atrapalhará o trabalho que ela ama fazer e que espera ver seu caso se transformar em algo bom para os colegas de profissão, que precisam ter proteção para atuar.

Os Tribunais de Justiça de todo o país precisam ouvir o recado de Tatiane e desmontar as arapucas nos fóruns. Eles devem ser o lugar onde a Justiça é operada com firmeza e serenidade. No mínimo, com uma arquitetura menos precária, com câmeras, detectores de metais, compartimentos de concreto para guardar as armas dos crimes. E — mais importante – contar com um setor de inteligência para antever ataques aos juízes, além de oferecer a eles medidas efetivas de segurança.

 

*Matéria originalmente publicada no Portal Claudia

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